Para Leslie McCall, do CUNY Graduate Center, a política da elite não coincide com as preferências públicas e é preciso informar a população sobre a extensão das desigualdades econômica e social (foto: Heitor Shimizu)

Debates aumentam apoio a políticas para reduzir desigualdade
28 de novembro de 2018
EN ES

Para Leslie McCall, do CUNY Graduate Center, a política da elite não coincide com as preferências públicas e é preciso informar a população sobre a extensão das desigualdades econômica e social

Debates aumentam apoio a políticas para reduzir desigualdade

Para Leslie McCall, do CUNY Graduate Center, a política da elite não coincide com as preferências públicas e é preciso informar a população sobre a extensão das desigualdades econômica e social

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Para Leslie McCall, do CUNY Graduate Center, a política da elite não coincide com as preferências públicas e é preciso informar a população sobre a extensão das desigualdades econômica e social (foto: Heitor Shimizu)

 

Heitor Shimizu, de Nova York  |  Agência FAPESP – O acentuado crescimento da desigualdade econômica em todo o mundo tem levado a um importante debate sobre como responder a essa questão. Nos Estados Unidos, o assunto ganhou visibilidade durante as duas mais recentes campanhas presidenciais, em 2012 e 2016. Entre os analistas, há os que não consideram importante que a lacuna entre os ricos e os demais não pare de crescer. Para estes, o que vale é a oportunidade econômica, com bons empregos e perspectiva de mobilidade ascendente.

Leslie McCall, professora de Sociologia e Ciências Políticas do CUNY Graduate Center e diretora associada do Centro Stone em Desigualdade Socioeconômica, considera essa visão equivocada. Segundo ela, quando os norte-americanos são informados sobre o crescimento da desigualdade econômica, eles se tornam mais céticos sobre a existência de oportunidade econômica e mais favoráveis às políticas de redistribuição de renda e de remuneração.

McCall defende que informar a população sobre a extensão da desigualdade econômica, ou simplesmente levantar o assunto, pode resultar no aumento do apoio a políticas destinadas a reduzir o problema. A pesquisadora foi uma das palestrantes na FAPESP Week New York, que se realiza de 26 a 28 de novembro no Graduate Center da City University of New York (CUNY).

“A política da elite não coincide com as preferências públicas. A desigualdade é uma questão econômica e política relativamente nova entre as elites e os discursos e soluções político-econômicas ainda são fragmentados. Isso pode ser visto nos discursos tanto de Donald Trump [Republicano, presidente dos Estados Unidos] como no de Bernie Sanders [Democrata, senador pelo Estado de Vermont]”, disse.

Segundo McCall, um modelo de direitos civis e econômicos de redistribuição poderia preencher esse vazio, com “foco na equalização de resultados a fim de uniformizar as oportunidades, tanto na educação como no mercado de trabalho”.

A autora de The Undeserving Rich: American Beliefs about Inequality, Opportunity, and Redistribution (2013) e Complex Inequality: Gender, Class, and Race in the New Economy (2001), McCall ingressou recentemente no CUNY, vinda da Northwestern University, e é considerada uma das principais especialistas em desigualdade econômica nos Estados Unidos.

Um dos objetivos de seu grupo de estudo no CUNY é “ampliar a análise do apoio público a soluções para problemas percebidos de desigualdade para incluir formas não convencionais de redistribuição e, especialmente, de políticas de melhoria de oportunidades”.

McCall disse à Agência FAPESP que seu grupo trabalha com análise de grande volume de dados obtidos por empresas especializadas em entrevistas e opinião pública. Os pesquisadores estudam opinião pública sobre desigualdade, oportunidade e questões econômicas e políticas relacionadas; tendências em salários atuais e desigualdade no rendimento familiar; e padrões de desigualdade interseccional.

McCall participou da FAPESP Week New York, apresentando seus estudos na sessão sobre “Desigualdade Social”. A sessão também contou com apresentações de Miles Corak, do Graduate Center, sobre “Mobilidade intergeracional entre e dentro do Canadá e dos Estados Unidos”; de Eliseu Savério Sposito, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que tratou do tema “Desigualdades em cidades médias: segregação, auto-segregação e fragmentações socioespaciais”; e de Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP –, que apresentou o estudo “Construindo democracia diariamente: direitos humanos, violência e confiança institucional”.

Saiba mais sobre a FAPESP Week New York em: www.fapesp.br/week2018/newyork.

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