Sistemas para avaliar e treinar a habilidade de tomar decisões foram desenvolvidos por empresa apoiada pelo PIPE-FAPESP e testados em jogadores de clubes como o Palmeiras; para pesquisadores, tecnologia também poderia ser útil em setores como o da saúde (Realidade virtual é uma das tecnologias que fazem parte do método de treinamento cognitivo de atletas / imagem: divulgação)
Sistemas para avaliar e treinar a habilidade de tomar decisões foram desenvolvidos por empresa apoiada pelo PIPE-FAPESP e testados em jogadores de clubes como o Palmeiras; para pesquisadores, tecnologia também poderia ser útil em setores como o da saúde
Sistemas para avaliar e treinar a habilidade de tomar decisões foram desenvolvidos por empresa apoiada pelo PIPE-FAPESP e testados em jogadores de clubes como o Palmeiras; para pesquisadores, tecnologia também poderia ser útil em setores como o da saúde
Sistemas para avaliar e treinar a habilidade de tomar decisões foram desenvolvidos por empresa apoiada pelo PIPE-FAPESP e testados em jogadores de clubes como o Palmeiras; para pesquisadores, tecnologia também poderia ser útil em setores como o da saúde (Realidade virtual é uma das tecnologias que fazem parte do método de treinamento cognitivo de atletas / imagem: divulgação)
Elton Alisson | Agência FAPESP – A capacidade de os atletas tomarem as melhores decisões em um curto espaço de tempo é o fator decisivo hoje para ganhar uma competição, na avaliação de Caio Margarido Moreira, doutor em comportamento e cognição pela Universidade de Göttingen, na Alemanha.
A fim de ajudar esportistas a tomar decisões mais acertadas e com maior rapidez, o pesquisador se associou a outro neurocientista e a um psicólogo para desenvolver métodos computacionais interativos que permitem avaliar e treinar o desempenho cognitivo. O trabalho foi apoiado pela FAPESP no âmbito do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
Os sistemas desenvolvidos pela startup fundada pelos pesquisadores – a Sensorial Sports, incubada no Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, a Supera – já foram aplicados em atletas de clubes de futebol, como o Palmeiras.
“Usamos a neurociência e a tecnologia para desenvolver e melhorar o desempenho cognitivo de atletas. Partimos do pressuposto de que esportistas cuja capacidade cognitiva é monitorada e treinada ficam mais precisos e velozes e erram menos”, disse Moreira à Agência FAPESP.
De acordo com o pesquisador, enquanto uma pessoa comum toma, em média, entre 2 mil e 3 mil decisões durante um dia inteiro, um jogador de futebol, por exemplo, tem de tomar cerca de 6 mil durante os 90 minutos de uma partida.
Dessa forma, falta de concentração e decisões erradas podem limitar o desempenho em uma competição, avaliou.
“O desempenho físico dos atletas está cada vez mais equiparado. São os milhares de decisões que eles tomam em uma arena esportiva que definem se sairão vitoriosos ou não”, afirmou Moreira.
O sistema computacional desenvolvido pela empresa, que integra o Centro de Inovação Global em Esportes da Microsoft, avalia o tempo de reação, o uso da visão periférica, o nível de atenção, o controle da impulsividade e a agilidade na tomada de decisões em resposta a diferentes estímulos visuais. Permite monitorar de um a 12 esportistas simultaneamente. A sequência de estímulos pode ser visualizada por uma tela de computador, televisão ou projetor, além de um óculos de realidade virtual.
O desempenho do esportista é comparado com o de atletas profissionais e amadores, de diversas modalidades esportivas e em diferentes fases de desenvolvimento, que já realizaram testes e cujas avaliações integram o banco de dados da empresa.
Com base no perfil cognitivo do avaliado são determinadas as principais potencialidades e uma meta de melhoria.
Por meio de um sistema de realidade virtual também desenvolvido pela empresa, chamado NeuroSports Arena, é possível treinar habilidades como concentração, velocidade de reação, tomada de decisão e percepção de movimentação, de modo que o atleta atinja a meta determinada.
“Estamos desenvolvendo outro tipo de treinamento, em que um treinador pode montar uma sequência de estímulos por meio de um telefone celular, associar cada estímulo a uma ação desejada e treinar capacidades cognitivas, físicas e técnicas de forma integrada durante o aquecimento ou o treinamento”, disse Moreira.
“Também estamos desenvolvendo um treinamento cognitivo em que o atleta é apresentado a uma série de tarefas que exercitam e ativam o cérebro para uma competição em uma tela sensível ao toque”, afirmou.
Avaliações em atletas
Os sistemas foram avaliados em um grupo de jogadores de futebol da categoria sub-17 do Palmeiras e nas categorias sub-15 e sub-19 de voleibol feminino do Grêmio Recreativo Barueri.
Os resultados das análises indicaram que, após cinco semanas de treinamento, os jogadores de futebol tiveram um aumento de 14% no nível de atenção e de 20% no número de ações ofensivas, em comparação a outros grupos que não usaram o sistema.
Já as jogadoras de voleibol tiveram um aumento de 10% no nível de atenção e de 13% no tempo de reação, também em comparação com atletas da mesma categoria não submetidas ao treinamento cognitivo.
“Constatamos que, quanto mais as atletas de vôlei melhoraram na reavaliação do treinamento cognitivo, melhor foi o desempenho delas em quadra”, disse Moreira.
A empresa já fez mais de 900 avaliações de atletas, em 22 modalidades esportivas. Agora, os pesquisadores estão analisando os melhores atletas do país em categorias como o tênis.
“A possibilidade de podermos avaliar o desempenho cognitivo de atletas de alto desempenho antes e depois de uma competição permitirá criarmos novas soluções tecnológicas”, disse Moreira.
A meta dos pesquisadores é oferecer o sistema para outros mercados, como o de fitness, além de setores como o industrial, de investimentos e de saúde, nos quais a tomada de decisão também é um fator crítico.
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