Microbiota intestinal de mosquito transmissor da dengue e de percevejos resistentes a inseticidas é o foco de pesquisas desenvolvidas na Université Claude Bernard Lyon 1 e apresentadas na FAPESP Week France (Cimex lectularius foto: CDC / Harvard University)
Microbiota intestinal de mosquito transmissor da dengue e de percevejos resistentes a inseticidas é o foco de pesquisas desenvolvidas na Université Claude Bernard Lyon 1 e apresentadas na FAPESP Week France
Microbiota intestinal de mosquito transmissor da dengue e de percevejos resistentes a inseticidas é o foco de pesquisas desenvolvidas na Université Claude Bernard Lyon 1 e apresentadas na FAPESP Week France
Microbiota intestinal de mosquito transmissor da dengue e de percevejos resistentes a inseticidas é o foco de pesquisas desenvolvidas na Université Claude Bernard Lyon 1 e apresentadas na FAPESP Week France (Cimex lectularius foto: CDC / Harvard University)
Maria Fernanda Ziegler, de Lyon | Agência FAPESP – Mais da metade da população mundial corre risco de contrair doenças infecciosas transmitidas por mosquitos nos próximos anos. Com as mudanças climáticas, essas chamadas arboviroses – antes um problema concentrado nas zonas tropicais do planeta – passam a ocorrer também em locais de clima temperado.
“Estudos recentes indicam que as bactérias presentes no intestino dos mosquitos transmissores contribuem para o potencial adaptativo desses insetos. É importante, portanto, estudar fatores genéticos, microbiológicos e ecológicos para entender o potencial invasivo, por exemplo, do mosquito-tigre-asiático [Aedes albopictus]”, disse Claire Valiente Moro, do Laboratoire d’Ecologie Microbienne, da Université Claude Bernard Lyon 1, em palestra apresentada no dia 22 de novembro na FAPESP Week France.
O mosquito-tigre-asiático é um dos vetores da dengue e hoje está presente em todos os continentes, com exceção da Antártica. Originário da Ásia, o inseto tem apresentado um potencial adaptativo alto, sendo encontrado tanto em áreas de clima tropical quanto de clima temperado. Recentemente, o governo francês emitiu alertas sobre a presença do mosquito no país.
Um estudo recente, liderado por Valiente Moro, comparou a microbiota de mosquitos-tigre-asiático capturados em uma floresta no Vietnã com a de insetos da mesma espécie capturados na França. Os pesquisadores observaram que os intestinos desses insetos eram habitados predominantemente por bactérias Dysgonomonas sp e que havia maior variedade de cepas nos mosquitos vietnamitas.
Análises genéticas mostraram uma correlação entre a diversidade bacteriana no intestino e a diversidade genética das populações de mosquito. “É possível que fatores ambientais e atividades humanas influenciem a diversidade da microbiota intestinal do mosquito e este é um fator que não deve ser negligenciado quando se estuda arboviroses”, disse a pesquisadora.
Um dos objetivos do grupo é avaliar a influência das mudanças climáticas na variedade da microbiota dos mosquitos Aedes albopictus da França e do Vietnã.
Combate ao percevejo
Pesquisadores franceses também estudam a relação de simbiose que existe entre os insetos da espécie Cimex lectularius, conhecido como percevejo de cama (bedbug), e as bactérias do gênero Wolbachia.
“Esse percevejo é um parasita humano e se alimenta apenas de sangue – uma dieta não balanceada. Descobrimos que a bactéria intracelular é sua fonte de vitamina B e tem, portanto, um papel essencial para a sobrevivência do inseto”, disse Natacha Kremer, pesquisadora da Université Claude Bernard Lyon1.
Segundo a pesquisadora, o uso constante de inseticidas fez com que os percevejos adquirissem resistência a partir dos anos 1990. "Em 2017, foram registradas 180 mil infestações e, em 2019, foram 360 mil. Precisamos urgentemente de métodos de controle, por isso a necessidade de estudar esse tipo de relação de mutualismo”, disse.
O grupo busca entender melhor a dinâmica entre a bactéria e o percevejo com o objetivo de identificar uma estratégia para combater o inseto.
O simpósio FAPESP Week France acontece entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em http://www.fapesp.br/week2019/france/.
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