Em evento promovido pela FAPESP e pela Royal Society, pesquisadores mostram como parcerias são importantes para alcançar resultados científicos na fronteira do conhecimento (foto: Chico Max/Agência FAPESP)
Em evento promovido pela FAPESP e pela Royal Society, pesquisadores mostram como parcerias são importantes para alcançar resultados científicos na fronteira do conhecimento
Em evento promovido pela FAPESP e pela Royal Society, pesquisadores mostram como parcerias são importantes para alcançar resultados científicos na fronteira do conhecimento
Em evento promovido pela FAPESP e pela Royal Society, pesquisadores mostram como parcerias são importantes para alcançar resultados científicos na fronteira do conhecimento (foto: Chico Max/Agência FAPESP)
André Julião | Agência FAPESP – Astrofísica, inteligência artificial, biologia e estatística são algumas das áreas que, combinadas, têm gerado pesquisas de impacto nos últimos anos. Em São Paulo e no Reino Unido, um passo fundamental para o aumento de parcerias como essas é a crescente colaboração entre pesquisadores de diferentes disciplinas em diversos países.
“É muito importante poder enxergar novos cenários de pesquisa, criar novas colaborações e empreender projetos mais complexos. Isso é fundamental para enfrentar os desafios que teremos no futuro, que vão desde biodiversidade e mudanças climáticas até energia e outras áreas de impacto para a sociedade. Por isso, a internacionalização é estratégica”, disse Ronaldo Pilli, vice-presidente da FAPESP, durante o simpósio UK-Brazil Frontiers of Science, realizado em Itatiba na semana passada.
Promovido pela FAPESP e pela Royal Society, o evento reuniu pesquisadores do Brasil e do Reino Unido para a apresentação de projetos em diversas áreas.
“O Brasil é um ator-chave na ciência global, pois produz pesquisa de qualidade e com consistência em diversas disciplinas. Brasil e Reino Unido têm fortes conexões nesse campo e este evento é apenas um exemplo das colaborações científicas que existem entre os dois países, seja nas universidades, na indústria e na biotecnologia”, disse Richard Catlow, secretário internacional e vice-presidente da Royal Society.
A integração entre inteligência artificial e astrofísica foi o tema de abertura do evento, que mostrou como tecnologias baseadas em aprendizado de máquinas (machine learning) podem ajudar na identificação de estrelas e galáxias.
“Tentamos resolver questões em que se tem muitas imagens e é preciso reconhecer o que há nelas. A visão humana é muito boa para isso, mas fazer o computador dar essa resposta é muito difícil. É para isso que machine learning é útil. Eu dou a imagem para a máquina e ela vai responder se é uma galáxia ou uma estrela. Para isso, porém, é preciso ‘treinar’ a máquina e isso exige toda uma formulação matemática”, disse Nina Hirata, professora do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP).
A sessão contou ainda com palestras dos astrofísicos Mike Walmsley, da Universidade de Oxford, responsável pelo Galaxy Zoo, projeto que busca classificar 10 milhões de galáxias; e Clécio de Bom, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), que faz uso das mesmas ferramentas para o estudo de galáxias.
“Trouxemos pesquisadores do Reino Unido e de todo o Brasil. Apesar de a FAPESP financiar apenas pesquisas realizadas em instituições paulistas, pesquisadores de outras partes do Brasil e de outros países podem ser parceiros de pesquisadores de São Paulo e se beneficiar desse ambiente”, explicou Euclides Mesquita Neto, membro da coordenação adjunta para Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da FAPESP e um dos organizadores do evento.
Mudanças climáticas
Na sessão sobre o papel das florestas nas estratégias de mitigação das mudanças climáticas, Paulo Artaxo, coordenador do Programa FAPESP de Mudanças Climáticas Globais, lembrou que, além de reduzir emissões de gases do efeito estufa, outra questão crítica para a humanidade será retirar, até 2050, cerca de 25 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Por isso a importância de se pensar em formas de sequestrar CO2 do ar.
Uma das possíveis soluções foi apresentada por Saulo de Souza, que realiza estágio de pós-doutorado na Universidade de Exeter e foi bolsista de doutorado da FAPESP na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP).
O pesquisador realiza um experimento na região de Alta Floresta, no norte do Mato Grosso, que avalia o efeito do plantio do ingá-de-metro (Inga edulis) na recuperação de solos degradados.
“Fazemos, ainda, um trabalho de extensão rural, usando essa e outras espécies para a arborização de pastagens, visando um aumento da produtividade do gado, da cobertura do solo e da captação de carbono da atmosfera. Com a exploração sustentável da madeira, promovemos um incentivo econômico para o pequeno produtor manter a terra em detrimento do avanço da soja”, disse Souza.
Medicina de precisão
Com o apoio de grandes bancos de dados genômicos, a medicina de precisão busca, entre outros objetivos, prever se um medicamento é efetivo em determinada população. Uma das ações nesse sentido é a Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed), apoiada pela FAPESP.
“Estamos obtendo dados de populações saudáveis e de portadores de algumas doenças específicas. Com esse tipo de informação pretendemos entender os mecanismos dessas doenças e melhorar o diagnóstico e o tratamento”, disse Benilton de Sá Carvalho, professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do comitê gestor da BIPMed.
Daniel Martins-de-Souza, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e um dos colaboradores de Carvalho, estuda biomarcadores para esquizofrenia e depressão. No seu caso, a colaboração com estatísticos é essencial para encontrar proteínas potencialmente relacionadas com doenças mentais.
“Hoje, metade dos pacientes com esquizofrenia não responde bem à medicação na primeira vez em que são tratados. Isso ocorre porque não entendemos a doença do ponto de vista bioquímico. Por isso, nossa ideia é buscar uma proteína que possa ser detectada no sangue e que identifique se o paciente responde bem ou não a determinado medicamento”, disse o pesquisador, que coordena um projeto sobre o assunto com apoio da FAPESP.
Materiais, matemática e câncer
O encontro discutiu ainda novos métodos de manufatura e aplicações de materiais poro-sos. Daiane Dasmasceno Borges, professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que realizou estágio de pós-doutorado com bolsa da FAPESP na Unicamp, falou sobre simulações computacionais que ajudam a entender as propriedades dos materiais.
Jaqueline Godoy Mesquita, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das vencedoras do prêmio L’Oréal Para Mulheres na Ciência em 2019, presidiu sessão sobre matemática, com participação de Leandro Cioletti, da mesma universidade, Katrin Gelfert, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Vinicius Ramos, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
As pesquisas em imunoterapia contra o câncer foram o tema da sessão presidida por Tim Witney, do King’s College, e Debora Foguel, da UFRJ. Os palestrantes foram Martin Bonamino, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), e Gilbert Fruhwirth, do King’s College.
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