Desenvolvida pela BioLambda em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e apoio do PIPE-FAPESP, tecnologia utiliza radiação UVC, que é capaz de inativar o novo coronavírus (foto: BioLambda/divulgação)
Desenvolvida pela BioLambda em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e apoio do PIPE-FAPESP, tecnologia utiliza radiação UVC, que é capaz de inativar o novo coronavírus
Desenvolvida pela BioLambda em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e apoio do PIPE-FAPESP, tecnologia utiliza radiação UVC, que é capaz de inativar o novo coronavírus
Desenvolvida pela BioLambda em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e apoio do PIPE-FAPESP, tecnologia utiliza radiação UVC, que é capaz de inativar o novo coronavírus (foto: BioLambda/divulgação)
Elton Alisson | Agência FAPESP – A startup BioLambda desenvolveu em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein um equipamento móvel, operado remotamente, capaz de esterilizar ambientes com radiação ultravioleta C (UVC) em três a seis minutos.
O equipamento foi idealizado originalmente para ser utilizado em ambientes hospitalares, como quartos de internação, centros cirúrgicos, laboratórios de análises clínicas, pronto atendimento, ambulâncias, locais de triagem de pacientes e de coletas de amostras para exames. Mas também poderá ser usado para descontaminar escritórios, indústrias alimentícias e até contêineres para exportação de alimentos processados ou in natura antes da embarcação.
Além da ação germicida, a radiação UVC emitida pelo equipamento é capaz de inativar o novo coronavírus, afirma Caetano Sabino, fundador da empresa.
“Os testes em laboratório de biossegurança de nível 3 [NB3] mostraram que mesmo o equipamento com menor potência que já tínhamos desenvolvido, que é um descontaminador portátil de superfícies, é capaz de eliminar 99% da carga de coronavírus em menos de um segundo”, diz Sabino.
O equipamento integra uma linha de descontaminadores de superfície, de ar, de ambientes e de máscaras de proteção N95 ou de tecido desenvolvida pela empresa com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) (leia mais em pesquisaparainovacao.fapesp.br/1572).
O projeto do equipamento surgiu a partir de uma demanda do Hospital Israelita Albert Einstein. No início da pandemia de COVID-19, a equipe de apoio assistencial da instituição começou a buscar no mercado equipamentos para esterilização de ambientes por UVC a fim de auxiliar o processo manual de limpeza de quartos reservados para atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação da doença.
“O processo manual de limpeza já é muito eficiente, uma vez que elimina até 92% de unidades formadoras de colônias de microrganismos. O objetivo de usar a tecnologia UVC é complementá-lo para garantir maior segurança e eficiência”, explica Luiz Moreira, coordenador da área de governança e hospitalidade e gerente interino da área de apoio assistencial do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ao começar a utilizar equipamentos para esterilização por UVC adquiridos inicialmente de outros fornecedores, os profissionais da instituição identificaram a oportunidade de melhorar o desempenho e a usabilidade dessa tecnologia. Como não identificaram no mercado fabricantes que pudessem atender aos requisitos que estabeleceram, fecharam uma parceria com a BioLambda, que integra a Eretz.bio, a incubadora de startups do Hospital Israelita Albert Einstein.
“Estávamos procurando por uma empresa disposta a trazer experiência com esterilização por UVC que pudesse ser somada à de um executor da tecnologia para desenvolvermos um produto exclusivo, com aplicação mais rápida”, afirma Moreira.
Os equipamentos comprados inicialmente pela instituição demoravam, em média, dez minutos para concluir a aplicação de UVC em um ambiente. Ao aumentar a quantidade de lâmpadas e a potência, o equipamento desenvolvido pela BioLambda conseguiu reduzir esse tempo em cinco minutos.
“Fizemos uma série de requisições para diminuir não só o tempo de uso do equipamento, que é extremamente importante para potencializar a operação do equipamento, mas também para torná-lo extremamente usual e seguro”, diz Moreira.
A BioLambda desenvolveu em aproximadamente três meses o equipamento em parceria com a equipe da área de apoio assistencial do hospital.
Os testes foram feitos inicialmente em quatro leitos do hospital. Para avaliar a efetividade do equipamento na eliminação de microrganismos foram feitas contagens de unidades formadoras de colônia antes da higienização manual do quarto, após esse processo e depois da aplicação da radiação UVC. Os resultados mostraram que, juntamente com a higienização manual, a esterilização com radiação UVC elimina 99,9% dos microrganismos vivos no ambiente.
Já nos testes operacionais foi avaliada a facilidade de uso de equipamento pelas camareiras do hospital.
“Depois da higienização de um quarto hospitalar, as camareiras ficarão encarregadas de levar o equipamento para dentro, ligá-lo e sair para que o equipamento faça de forma autônoma os procedimentos de desinfecção por radiação UVC”, explica Sabino.
Alta potência
O equipamento é retrátil, em formato de telescópio, com uma base fixa e dois módulos internos que se expandem e ficam expostos no momento em que o aparelho é acionado.
Ao ser acionado, o aparelho emite um alerta sonoro e outro luminoso para que pessoas que eventualmente estejam no ambiente saiam, evitando que sejam expostas à luz ultravioleta.
“A luz ultravioleta com comprimentos de onda superiores a 180 nanômetros pode causar efeitos adversos à saúde, como danos aos olhos, câncer de pele e envelhecimento. Por isso, os raios ultravioleta C nunca devem ser usados diretamente sobre a pele e os olhos de seres vivos”, adverte Sabino.
Além dos alertas sonoro e luminoso e sensores de presença, o equipamento também possui um sistema de segurança composto por uma placa –semelhante às utilizadas para indicar que o piso de um determinado ambiente está molhado –, a ser colocada junto à porta do espaço que será esterilizado.
A placa possui quatro sensores de contato com a porta e um painel eletrônico que indica o tempo de conclusão do processo de desinfecção após o equipamento ser acionado. Colocada na superfície da porta do ambiente que será desinfetado, a placa aciona o equipamento. Se, durante o procedimento, a porta for aberta, o processo de desinfecção é interrompido.
“Estamos desenvolvendo um modelo final da placa com um sistema touch screen para controle de funções do equipamento, como tempo de funcionamento e de espera para evacuação do ambiente e volume do alerta sonoro. Há locais nos quais se deseja que o alerta sonoro seja alto para que as pessoas não entrem no recinto, mas há outros onde o barulho não é desejável para não incomodar os pacientes, por exemplo”, diz Sabino.
Um dos fatores que permitem a rapidez na desinfecção de ambientes é a potência elétrica, de dois mil watts (W). Dessa forma, é possível descontaminar um ambiente de 30 metros quadrados em até cinco minutos, com a rapidez exigida, por exemplo, num ambiente hospitalar.
“A descontaminação de um quarto de internação tem que ser muito rápida porque o tempo de troca de pacientes – entre a alta de um e a entrada de outro – também é curto, levando entre 30 e 40 minutos”, afirma Sabino.
“Com equipamentos convencionais de descontaminação por radiação UVC esse processo levaria até uma hora para ser concluído, sem contar o tempo necessário para higienização e troca de lençóis”, compara.
Além de quartos de internação, o Hospital Israelita Albert Einstein está usando o equipamento para esterilização de ambulâncias e salas de hemodiálise. A instituição também pretende avaliar o uso para desinfecção de centros cirúrgicos.
Inicialmente, a instituição deverá adquirir entre oito e dez equipamentos para uso na unidade Morumbi. A expectativa da BioLambda é comercializar o equipamento também para outros hospitais ao custo unitário de aproximadamente R$ 50 mil.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.