Da esquerda para a direita: Carlos Américo Pacheco, Silvia Massruhá, Marco Antonio Zago, Antonio José de Almeida Meirelles, Stanley Oliveira, Tarcísio de Freitas, Dário Saad, Vahan Agopyan e Antonio Junqueira (foto: Governo do Estado de São Paulo)
Lançado na última terça-feira com a presença do governador de São Paulo, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital une Embrapa, FAPESP e outras instituições. Objetivo é conectar agricultores a inovações que possam reduzir custos e garantir a sustentabilidade
Lançado na última terça-feira com a presença do governador de São Paulo, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital une Embrapa, FAPESP e outras instituições. Objetivo é conectar agricultores a inovações que possam reduzir custos e garantir a sustentabilidade
Da esquerda para a direita: Carlos Américo Pacheco, Silvia Massruhá, Marco Antonio Zago, Antonio José de Almeida Meirelles, Stanley Oliveira, Tarcísio de Freitas, Dário Saad, Vahan Agopyan e Antonio Junqueira (foto: Governo do Estado de São Paulo)
André Julião | Agência FAPESP, de Campinas* – Conectar diretamente produtores e compradores, eliminando intermediários. Rastrear a produção e conectar maquinários em rede. Essas são apenas algumas das soluções que a internet móvel e outras tecnologias digitais podem prover para ajudar agricultores a reduzir custos e aumentar a competitividade e a sustentabilidade de seus negócios.
No entanto, com apenas 23% das áreas rurais com cobertura de internet no Brasil, essa é uma realidade nem sempre acessível a pequenos e médios produtores. Transformar essa realidade é o desafio do Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/SemeAr), lançado na última terça-feira (11/04) em Campinas.
O centro é resultado da união entre Embrapa Agricultura Digital, FAPESP e um conjunto de instituições que têm como objetivo levar soluções baseadas em conectividade e tecnologias digitais para pequenos e médios produtores, com apoio de empresas e órgãos de governo.
“A missão da FAPESP é olhar para o futuro e provocar as instituições de ensino e pesquisa a buscar soluções com base na ciência”, disse o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, durante a abertura do evento.
Zago destacou que o projeto é resultado de múltiplas colaborações. Além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da FAPESP, figuram entre os parceiros o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD, organização privada com foco em inovação), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), o Instituto Agronômico (IAC), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Com sede na Embrapa Agricultura Digital, em Campinas, o CCD-AD/SemeAr é um dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento da FAPESP que unem instituições de pesquisa, órgãos de governo, empresas e organizações sem fins lucrativos na busca de soluções para problemas sociais e econômicos. Ao longo de cinco anos, serão investidos R$ 25 milhões no projeto (leia mais em: agencia.fapesp.br/38721/).
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lembrou que, ao criar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, estava justamente mostrando a importância do setor em seu governo. “Se quisermos reduzir a desigualdade precisamos investir em iniciativas desse tipo”, ressaltou.
O dirigente lembrou de outras inaugurações recentes em que esteve ao lado da FAPESP, como a do Centro de Pesquisa em Engenharia para a Mobilidade Aérea do Futuro (CPE-MAF), constituído em parceria com a Embraer no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (leia mais em: agencia.fapesp.br/40900/).
O governador destacou ainda a criação do Institut Pasteur de São Paulo, além de outras parcerias com instituições de pesquisa francesas (leia mais em: agencia.fapesp.br/41034/ e agencia.fapesp.br/40840/).
“A agricultura brasileira chegou no nível atual em grande parte graças à Embrapa. Agora, temos de levar a conectividade para o campo, inclusive para o pequeno produtor. Esse centro terá um papel importante na segurança alimentar”, reforçou.
Semeando tecnologia
Pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital, a coordenadora do centro, Silvia Massruhá, explicou que nos cinco anos do projeto serão criados dez Distritos Agro Tecnológicos (DATs). Esses pilotos de fazenda digital serão espalhados por todo o Brasil, sendo cinco no Estado de São Paulo. Os dois primeiros já estão em funcionamento desde 2021, em Caconde e São Miguel Arcanjo, no interior do Estado.
“Para cada um deles fazemos uma pesquisa de indicadores econômicos, principais problemas enfrentados pelos produtores, empresas que podem ser parceiras, presença de organizações como sindicatos rurais e associações de produtores, entre outras. A partir disso, unimos os diferentes atores para trazer soluções baseadas em tecnologias digitais e conectividade”, explicou a pesquisadora, que pouco antes do evento foi indicada para ser a primeira presidente mulher da Embrapa.
Uma pesquisa feita em 2020 por Embrapa, Sebrae e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que 84% dos agricultores brasileiros já utilizavam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola, sobretudo para facilitar a comunicação, o acesso à informação e a compra e venda de produtos.
Além disso, 95% dos produtores afirmaram ter interesse em receber informações e apropriar-se de tecnologias digitais mais especializadas, como soluções para planejamento e gestão da propriedade; para estimativas de produção; controle de pragas, doenças, falhas operacionais e déficit hídrico na lavoura; bem-estar animal; certificação e rastreabilidade de produtos agrícolas.
Os principais desafios apontados na pesquisa foram os custos elevados de investimento, acesso restrito à internet e necessidade de capacitação.
“Este é um projeto muito grande em contribuições, que vai transbordar o Estado de São Paulo”, afirmou Stanley Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital.
Desenvolvimento
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, contou que esteve no DAT de Caconde e ficou impressionado com a velocidade da internet, mesmo sendo uma região montanhosa. A chegada da internet é fruto da parceria do DAT com um provedor local. “As tecnologias em implantação devem reduzir os custos de produção significativamente”, disse.
Já o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, reforçou que o novo centro cumpre a missão de transferir o conhecimento obtido na academia em benefício para a sociedade. “O objetivo é apoiar e incluir o pequeno e médio produtor”, sublinhou.
O evento contou ainda com a presença do reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio José de Almeida Meirelles; do diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, Carlos Américo Pacheco; do diretor administrativo da FAPESP, Fernando Menezes; do prefeito de Campinas, Dário Saad; além de pesquisadores, deputados e outras autoridades.
* Com informações da Embrapa Agricultura Digital.
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