Em workshop on-line, 11 organizações que integram o Global Research Council debateram mecanismos e ferramentas para estimular parcerias de pesquisa no continente (imagem: reprodução)

Agências de fomento buscam impulsionar colaboração multilateral nas Américas
02 de dezembro de 2022
EN ES

Em workshop on-line, 11 organizações que integram o Global Research Council debateram mecanismos e ferramentas para estimular parcerias de pesquisa no continente

Agências de fomento buscam impulsionar colaboração multilateral nas Américas

Em workshop on-line, 11 organizações que integram o Global Research Council debateram mecanismos e ferramentas para estimular parcerias de pesquisa no continente

02 de dezembro de 2022
EN ES

Em workshop on-line, 11 organizações que integram o Global Research Council debateram mecanismos e ferramentas para estimular parcerias de pesquisa no continente (imagem: reprodução)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – No Chile, a Agencia Nacional de Investigación y Desarrollo (Anid) está com um edital aberto para pesquisas com foco em economia sustentável, descabonização energética e desenvolvimento urbano. O mecanismo é multilateral e mantido em colaboração com agências de mais de dez países ao redor do mundo.

No Canadá, a Natural Sciences and Engineering Research Council of Canada (NSERC) concede grants de pesquisa entre C$ 20 mil (cerca de R$ 77 mil) a C$ 1 milhão (R$ 3,8 milhões) por ano, para que pesquisadores canadenses colaborem com equipes internacionais parceiras. As áreas de conhecimento atendidas são ciências naturais, engenharia e tecnologia e ciências agrárias, entre outras.

Já a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, destacou um mecanismo multilateral chamado Trans-Atlantic Platform (T-AP), que em 2021 lançou uma chamada de propostas para apoiar pesquisas conjuntas entre grupos situados nos dois lados do Atlântico. O objetivo é incentivar a colaboração internacional em ciências sociais e humanas. Do lado americano, além dos Estados Unidos, México e Brasil também são parceiros. Já o Canadá atua como um membro observador.

Esses são três exemplos de mecanismos multilaterais de fomento à pesquisa apresentados no workshop “Science Tecnology and Innovation: funding mecanisms for the strengthening of international colaboration within the Americas”, realizado em novembro por um conjunto de agências de fomento à pesquisa das Américas, entre as quais a FAPESP, e apoiado pelo Global Research Council (GRC), entidade que reúne mais de 60 organizações financiadoras de ciência de todos os continentes.

No workshop, 11 agências de dez países americanos se reuniram para trocar experiências sobre ferramentas e mecanismos com o intuito de impulsionar a colaboração científica nas Américas. Nos dois dias de reunião on-line, cada agência apresentou cinco programas ou chamadas que envolvem parcerias ou colaboração bilateral ou multilateral de financiamento de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

“Os principais desafios que atingem nossas economias e sociedades são globais. É o caso das mudanças climáticas, perda da biodiversidade, urbanização e migração forçada. São desafios que nos convidam a compartilhar soluções, melhores práticas e dados. Para encontrar soluções conjuntas, precisamos construir relações confiáveis para que haja colaboração entre diferentes áreas do conhecimento e que seja além das fronteiras”, disse Alejandro Adam, presidente do NSERC (Canadá) na abertura do workshop, em 11 de novembro.

O evento é um desdobramento de três simpósios científicos que as agências Anid (Chile), Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (Conacyt, do Paraguai), Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (Conicet) e FAPESP realizaram nos anos 2021 e 2022. Na ocasião, percebeu-se a necessidade de estreitar parcerias entre as agências de financiamento à pesquisa das Américas.

Outro evento ligado à iniciativa foi a Reunião Regional das Américas, do GRC, na qual representantes das agências se reuniram para abordar questões como mudanças climáticas, mecanismos de reconhecimento e recompensa de pesquisa, ética e integridade de pesquisa, assim como possibilidade de colaborações conjuntas entre as agências de fomento do continente.

“Oportunidades como esse workshop são fundamentais para iniciativas de pesquisa global. A colaboração internacional e a troca de ideias e melhores práticas têm sido a base do progresso científico. No entanto, atualmente, estamos vivenciando um momento em que se faz necessário desencadear novos talentos, novas ideias e inovações revolucionárias para enfrentar os grandes desafios globais. E sabemos que a melhor forma de enfrentá-los é por meio de colaborações e parcerias. Só assim é possível acelerar descobertas em todos os campos da ciência e desbloquear a capacidade inovadora das nações”, disse Sethuraman Panchanathan, diretor da NSF (Estados Unidos).

Panchanathan concorda que o cenário global de crise econômica e pandemia torna a colaboração ainda mais necessária. “Precisamos trabalhar juntos e a hora é agora para aumentar os investimentos em pesquisa, tecnologia e educação em STEM [acrônimo em inglês para as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática], com maior ênfase em colaborações transversais”, concluiu.

Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, destacou o potencial do esforço de aproximação entre as agências de fomento. “Da mesma forma que todas as sociedades estão enfrentando desafios similares, tanto locais quanto globais, as agências de fomento aqui representadas apoiamos um número grande de pesquisadores e instituições qualificadas e temos forte capacidade de gerenciamento. Portanto, existem todos os elementos necessários para colaborações que rendam bons frutos. No entanto, precisamos construir a capacidade de nos organizar a ponto de criar estruturas mais sólidas para o desenvolvimento de colaborações multilaterais”, afirmou.

Mello defendeu que o multilateralismo esteja presente na criação de novos programas e chamadas de proposta ao ressaltar que todas as agências presentes no workshop já interagem com parceiros regionais e outras agências de fomento e stakeholders ao redor do mundo. “Mas ainda falta um esforço conjunto que abranja um grande número de agências", disse.

Sementes

“Vejo esse workshop como sementes que vão evoluir para ações que permitam desenvolver uma capacidade permanente para consulta, troca de boas práticas e, sobretudo, de aproximação para maior interação e colaboração em diversos tópicos de pesquisa e iniciativas de financiamento”, disse Mello no segundo dia de workshop (25/11). Para o diretor científico da FAPESP, o GRC também deve ser um fórum para auxiliar no desenvolvimento de iniciativas que ajudem na criação de estruturas de colaboração internacional.

O próximo passo do grupo é incluir os 55 mecanismos apresentados no workshop em um documento final, que será publicado no site do GRC.

“Nos últimos anos, foi sendo construída uma visão segundo a qual o GRC é um fórum com grande potencial para criar mecanismos de financiamento multilateral para a pesquisa e inovação. Ter 11 agências de fomento trocando informação sobre instrumentos com o intuito de aumentar colaboração e parceria é uma experiência única e que mostra o potencial que temos para avançar ações conjuntas”, contou Euclides de Mesquita Neto, coordenador adjunto em Programas Especiais e Colaboração em Pesquisa da FAPESP que, em setembro, assumiu o cargo de secretário executivo do GRC (leia mais em: agencia.fapesp.br/39685/).

Participaram do workshop representantes de FAPESP, Anid, Conacyt, Conicet, NSERC, NSF, Agencia Nacional de Investigación e Innovación (Anii, do Uruguai), Secretaria Nacional de Ciencia, Tecnología e Innovación (Senacyt, do Panamá), Consejo Nacional de Ciencia, Tecnología e Innovación Tecnológica (Concytec, do Peru), Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (Conacyt, do México) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, do Brasil).
 

  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.