Delegação do país, liderada pelo ministro Chris Hipkins (à direita), visitou a FAPESP com o intuito de discutir novas parcerias e áreas de interesse comuns aos dois países (foto: Felipe Maeda/Agência FAPESP)
Delegação do país, liderada pelo ministro Chris Hipkins, visitou a FAPESP com o intuito de discutir novas parcerias e áreas de interesse comuns aos dois países
Delegação do país, liderada pelo ministro Chris Hipkins, visitou a FAPESP com o intuito de discutir novas parcerias e áreas de interesse comuns aos dois países
Delegação do país, liderada pelo ministro Chris Hipkins (à direita), visitou a FAPESP com o intuito de discutir novas parcerias e áreas de interesse comuns aos dois países (foto: Felipe Maeda/Agência FAPESP)
José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Com uma área de 268 mil quilômetros quadrados, pouco maior do que a do Estado de São Paulo, e uma população de 5.130.730 de habitantes, equivalente a um quarto da população da Região Metropolitana de São Paulo, a Nova Zelândia possui um dos mais elevados padrões educacionais do mundo – classificado em 7º lugar no ranking mundial pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A taxa de alfabetização da população adulta alcança 99% e mais da metade da população de 15 a 29 anos tem acesso à educação superior (universitária, técnica ou equivalente).
As oito universidades existentes na Nova Zelândia compõem um grupo denominado Universities New Zealand – Te Pokai Tara (UNZ). Em 2017, a FAPESP e a UNZ assinaram um acordo com a intenção de implementar a cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores do Estado de São Paulo e da Nova Zelândia. E a UNZ participou, em 2019, de chamada pública de propostas para apoiar o intercâmbio de pesquisadores no âmbito do Programa São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT) da FAPESP.
Uma delegação da Nova Zelândia, liderada pelo ministro da Educação, Chris Hipkins, visitou a FAPESP no dia 03 de junho, com o objetivo de estreitar o relacionamento e discutir novas oportunidades de cooperação. O grupo foi recebido por Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação, Ronaldo Aloise Pilli, vice-presidente do Conselho Superior, Roberto Marcondes Junior, membro da coordenação do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) e da coordenação adjunta de Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa, e assessores.
Pilli falou do comprometimento da FAPESP com a internacionalização da pesquisa, materializado em acordos de cooperação com mais de 150 organizações internacionais. Pacheco fez uma apresentação abrangente da FAPESP, destacando novas iniciativas, como a criação do Fundo Amazônia +10. E Marcondes apresentou programas como o dos CEPIDs.
O ministro Hipkins, de sua parte, mencionou áreas de interesse comum entre a Nova Zelândia e o Brasil. Em entrevista concedida à Agência FAPESP, ele desenvolveu este e outros temas. “A visita a São Paulo reforçou minha visão sobre o valor da educação e da cooperação científica entre nossos dois países. Um bom exemplo é o acordo de cooperação entre a UNZ e a FAPESP, que vem financiando conjuntamente novos projetos de pesquisa para estimular o intercâmbio acadêmico e a mobilidade entre a Nova Zelândia e o Brasil”, disse.
Outro exemplo mencionado pelo ministro na entrevista foi a participação dos dois países na Global Research Alliance on Agricultural Greenhouse Gases (GRA). “A GRA se concentra em pesquisa e desenvolvimento para estabelecer sistemas alimentares resilientes ao clima, sem aumentar as emissões de gases de efeito estufa. Intercâmbios e oportunidades de treinamento para pesquisadores agrícolas são facilitados por bolsas de estudo”, afirmou.
Antes da pandemia, o Brasil era a maior fonte de estudantes da América Latina na Nova Zelândia. E, dos 400 estudantes neozelandeses financiados pelo programa governamental de bolsas para a América Latina, 109 escolheram estudar no Brasil. O intercâmbio teve uma pausa devido à pandemia, mas foi recentemente reiniciado. “Estou muito satisfeito com o reinício. E também com o aprimoramento do programa para incluir estudos indígenas na América Latina”, falou Hipkins.
A temática indígena, aliás, é bastante cara ao ministro e ao governo neozelandês. “Como países com foco na preservação e no fortalecimento de nossas culturas indígenas, a Nova Zelândia e o Brasil têm muito a aprender um com o outro. Já existe uma colaboração de pesquisa em andamento no importante campo da revitalização das línguas indígenas. O acordo entre a Massey University e a Universidade Federal do Rio de Janeiro foi desenhado para apoiar a revitalização do kaingang, uma língua do tronco jê ameaçada de extinção, falada por aproximadamente 20 mil pessoas no Sul do Brasil”, citou Hipkins.
O projeto foi inspirado por uma iniciativa educacional bem-sucedida realizada na Nova Zelândia: o desenvolvimento do Te Kohanga Reo (Ninho da Língua Maori). Vale lembrar que o maori, que passou por um período de apagamento forçado após a Segunda Guerra Mundial, ficando confinado apenas a algumas áreas remotas, viveu posteriormente um processo de revitalização, sendo declarado em 1987 uma das línguas oficiais da Nova Zelândia, cujo idioma majoritário é o inglês. Existem agora escolas com ensino na língua nativa e canais de televisão que transmitem predominantemente em maori.
“Um ninho da língua kaingang foi estabelecido em Nonoai, um município do Rio Grande do Sul no qual pelo menos metade da população adulta é falante de kaingang. À medida que o projeto avança, prevê-se que o ninho de Nonoai incentivará os membros de outras aldeias a transmitir o conhecimento da língua e cultura kaingangs para seus filhos. Mas é importante destacar que a reciprocidade é um aspecto fundamental da colaboração entre os dois países. Não é apenas o que o Brasil pode aprender conosco; mas igualmente o que nós podemos aprender com o Brasil”, enfatizou o ministro.
E concluiu: “Na fase inicial, que já está em andamento há alguns anos, focamos em estabelecer e fortalecer as conexões e parcerias entre universidades e acadêmicos de ambos os países. À medida que avançamos, acreditamos que surgirão oportunidades para identificar desafios e interesses comuns que poderão se beneficiar dessa colaboração. Por exemplo, a Nova Zelândia e o Brasil são grandes produtores de alimentos, temos interesses semelhantes em relação à agricultura e lidamos com desafios comuns nessa área, como o impacto dos gases de efeito estufa agrícolas. Estou confiante de que se apresentarão outras áreas de interesse à medida que as agências governamentais, as instituições acadêmicas e os diversos setores de ciência e pesquisa se envolvam no processo”.
As conversações sobre novos projetos de cooperação ainda estão em fase inicial. Mas os neozelandeses já anunciaram que deverão participar da próxima chamada do programa SPRINT, prevista para 2023.
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