Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo (imagem: reprodução)
Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo
Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo
Materiais serão objeto de pesquisa em instituições no Brasil e na Europa nos próximos dez anos, destaca último episódio da série jornalística Diário de Bordo (imagem: reprodução)
Elton Alisson, de Recife* | Agência FAPESP – Terminou na manhã do dia 2 de julho, em Recife (PE), a expedição científica Amaryllis. Com custo estimado em mais de R$ 5 milhões, a missão estava prevista para acontecer em 2019 e teve de ser adiada para este ano em razão da pandemia de COVID-19.
Durante 21 dias, o navio Marion Dufresne navegou mais de 5 mil quilômetros – quase mil quilômetros além da distância em linha reta entre o Oiapoque, no Amapá, e o Chuí, no Rio Grande do Sul.
Ao todo, foram coletados 442 metros de sedimentos marinhos – mais de cem metros acima da altura da torre Eiffel, em Paris, que mede 300 metros. O testemunho sedimentar mais longo tem 51 metros – quase a altura de um prédio de 18 andares.
Metade das amostras de sedimentos seguirá para a França, para universidades e instituições de pesquisa do país, e a outra parte ficará no Brasil, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), como revela o último episódio da série jornalística Diário de Bordo, publicado hoje (14/07) pela Agência FAPESP.
Os sedimentos marinhos seguirão viagem para os destinos programados em contêineres refrigerados, com temperatura de 4 ºC. Essa medida é necessária para manter as amostras de sedimentos sob a mesma temperatura do oceano profundo, de mais ou menos 4 ºC.
Sob temperaturas mais altas, os microrganismos presentes nos sedimentos e no ar começam a se desenvolver de forma mais intensa e passam a se alimentar e a processar a matéria orgânica presente no material, alterando as informações paleoambientais registradas nos sedimentos. Ao manter a temperatura do sedimento em mais ou menos 4 ºC é possível assegurar as condições originais e a atividade metabólica dos microrganismos, de modo a não comprometer os resultados das análises.
As amostras de sedimentos serão objeto de pesquisa de estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado e pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Brasil e na Europa nos próximos dez anos. A partir dessas análises, a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marília de Carvalho Campos Garcia pretende avançar no entendimento sobre como o sistema climático do Atlântico Sul se comportou em uma época em que a temperatura do planeta estava 2 ºC mais alta, há 400 mil anos. O projeto é apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Geração.
Já o professor do Instituto de Geociências da USP Dailson José Bertassoli Junior planeja utilizar as amostras de sedimentos coletadas para avaliar a variabilidade das emissões de metano provenientes das planícies de inundação do rio Amazonas e verificar o efeito dessa variabilidade na concentração global desse gás de efeito estufa ao longo dos últimos 10 mil anos. O projeto também é apoiado pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Geração.
A sensação dos coordenadores da expedição é de dever mais do que cumprido, uma vez que a recuperação dos sedimentos foi muito além do esperado, totalizando quase 14 toneladas.
A série completa pode ser acessada em: agencia.fapesp.br/diario-de-bordo.
* O repórter viajou a convite do Centro Nacional de Pesquisa (CNRS) da França.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.