Produção terá início em 2024 na Flórida; a previsão é que sejam produzidas até cem unidades do ventilador OxyMag por mês (foto: divulgação)
Produção terá início em 2024 na Flórida; a previsão é que sejam produzidas até cem unidades do ventilador OxyMag por mês
Produção terá início em 2024 na Flórida; a previsão é que sejam produzidas até cem unidades do ventilador OxyMag por mês
Produção terá início em 2024 na Flórida; a previsão é que sejam produzidas até cem unidades do ventilador OxyMag por mês (foto: divulgação)
Agência FAPESP – A fabricante brasileira de ventiladores pulmonares Magnamed recebeu a chancela das autoridades norte-americanas para iniciar sua produção na Flórida (Estados Unidos). Na semana passada, a US Food and Drug Administration (FDA), órgão similar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou a companhia fundada em 2005, em São Paulo, a dar início à produção do OxyMag para atender ao mercado norte-americano.
O OxyMag foi desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), entre 2006 e 2012.
O rigoroso processo de certificação nos Estados Unidos, iniciado em 2019, interrompido em 2020 devido à pandemia de COVID-19 e retomado em 2021, chegou ao fim com uma aprovação que transformou a Magnamed na primeira fabricante brasileira de ventiladores pulmonares no mercado norte-americano. Para alcançar a certificação, a empresa investiu mais de US$ 1 milhão em laboratórios, consultores, protótipos, linha-piloto, viagens. Além disso, está montando um time de atendimento e vendas.
Com a aprovação, a Magnamed deve iniciar a produção local a partir de 2024, uma vez que a nova planta industrial, alugada em 2023, na Flórida, está pronta para operar.
A previsão é que sejam produzidas até cem unidades do ventilador OxyMag por mês, com foco total no mercado local. Estima-se que em todo o mundo o setor movimente US$ 5,7 bilhões anualmente e aproximadamente 20% só nos EUA.
“Estamos muito felizes com a notícia da aprovação da FDA. Foi um objetivo pelo qual lutamos por muito tempo e que nos faz ter muito orgulho de sermos uma empresa brasileira conseguindo um feito inédito nos Estados Unidos. Esperamos que esta seja a primeira de muitas conquistas do tipo e que a nova fábrica possa ajudar a mostrar ao mundo que produzimos inovação real no setor médico-hospitalar”, disse Wataru Ueda, sócio-fundador e CEO da Magnamed, em nota à imprensa.
Desde 2010 a companhia já obteve a chancela do órgão regulador da Comunidade Europeia e as exportações já representam uma parcela significativa das vendas. Cerca de 40% dos ventiladores se destinam ao mercado privado, 30% da produção ao setor público nacional e 30% da produção é exportada. Somando-se a aprovação do FDA, a Magnamed passa a operar em praticamente todos os mercados.
A meta é que as exportações representem 80% do faturamento até 2026 – alcançando R$ 180 milhões. Contudo, para isso acontecer, é importante ter produtos certificados internacionalmente. Em seu histórico, a Magnamed já registra exportações para 81 países de todo o planeta.
Aumento da competitividade
Ueda ressalta que, além de trazer mais receitas para a Magnamed, as exportações têm uma contribuição muito importante na competitividade.
“É necessário obter diversas certificações internacionais, tanto para o produto como para os processos de fabricação e gestão da qualidade. O mercado brasileiro, por ser totalmente aberto, exige da empresa atualização tecnológica constante para se manter competitivo e, para isso, nada melhor do que competir no cenário mundial”, avalia.
A vida útil de um ventilador é de sete anos nos EUA, contra dez anos no resto do mundo. Com a fábrica, a Magnamed aumenta a demanda por reposição. Existe também uma preocupação dos países em estar abastecidos com esse tipo de produto, o que provoca um movimento no exterior pedindo fabricação local.
“Estamos fazendo parcerias para fabricar na Índia e no México, entre outros países, para que possamos fornecer tecnologia e conhecimento para eles não dependerem tanto das importações”, explica Ueda.
Inovação constante
Em novembro de 2022, a Magnamed anunciou o desenvolvimento de um sistema de monitorização de ventilação mecânica inédito no mundo, a PMUS. Em estudo desde 2017, a nova solução usa machine learning e inteligência artificial para resolver problemas de assincronia entre máquina e paciente. A empresa investiu R$ 4 milhões na pesquisa, com recursos da Lei de Informática.
O novo sistema em breve pode revolucionar a produção desse tipo de equipamento globalmente. Um pequeno hardware e um novo software baseado em algoritmos de machine learning e inteligência artificial resolvem um problema que atualmente só é solucionado por outros produtores de forma invasiva, com a introdução de um balão ou eletrodos no esôfago.
Em parceria com médicos, a Magnamed encontrou uma solução por meio da análise de dados para entender e estimar o esforço exercido pelos músculos respiratórios. Trata-se de uma máquina que “aprendeu” como se calcula essa pressão muscular, que permite analisar se o ventilador está em sincronia ou não. Assim, foi possível reconstruir a pressão negativa que o diafragma gera para colocar o ar dentro do pulmão, a chamada PMUS, que até hoje só podia ser medida de forma invasiva.
Expansão
Fundada em 2005 pelos engenheiros Wataru Ueda, Tatsuo Suzuki e Toru Miyagi, a empresa recebeu em 2008 um primeiro aporte do fundo Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da gestora KPTL. Naquele período, ainda estava incubada no polo de startups da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), o Cietec. Em 2015, recebeu uma segunda injeção de capital, do fundo de impacto social Vox Capital. Os fundos Criatec e Vox somados detêm 54% da companhia. Além do aporte necessário, colaboram na governança da empresa, de acordo com os executivos da Magnamed.
A expansão de 2020 ocorreu quando a demanda por seus respiradores disparou em razão dos efeitos da pandemia sobre o sistema de saúde. Para dar conta do aumento de produção, Wataru Ueda acionou sua rede de contatos de antigos colegas de turma do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a exemplo de Walter Schalka, que comanda a Suzano, pedindo auxílio nessa fabricação. Outros pesos pesados da indústria nacional, como a Embraer, se juntaram nesse esforço e possibilitaram a ampliação da produção. O resultado foi o crescimento vertiginoso da empresa e o desdobramento em planos de internacionalização (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/1347).
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