Representantes da FAPESP, USP, Unesp e Unicamp visitaram em outubro a embaixada do Brasil em Roma, na Itália (foto: divulgação)
Dirigentes da Fundação visitaram principais universidades e instituições científicas do país com o objetivo de ampliar a colaboração
Dirigentes da Fundação visitaram principais universidades e instituições científicas do país com o objetivo de ampliar a colaboração
Representantes da FAPESP, USP, Unesp e Unicamp visitaram em outubro a embaixada do Brasil em Roma, na Itália (foto: divulgação)
Elton Alisson | Agência FAPESP – Dirigentes da FAPESP realizaram em outubro uma série de visitas a instituições científicas da Itália com o objetivo de ampliar a colaboração científica entre pesquisadores do Estado de São Paulo com os cientistas italianos.
A delegação foi composta por Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP; Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação; além de representantes das universidades de São Paulo (USP) e estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp).
Uma das visitas foi à Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês), sediada em Trieste. Associada à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a entidade se dedica a apoiar a prosperidade sustentável por meio da pesquisa, educação, política e diplomacia.
Durante o encontro, representantes da FAPESP e da TWAS assinaram um memorando de entendimento que permitirá a concessão, nos próximos quatro anos, de 35 bolsas anualmente para pesquisadores de países em desenvolvimento realizarem pesquisas no Estado de São Paulo. Desse total, 20 bolsas serão destinadas a pesquisadores em nível de pós-doutorado e 15 para doutorandos.
“A TWAS pode ter um papel crucial na criação e manutenção de colaborações entre pesquisadores e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo com aquelas do mundo em desenvolvimento. Dessa forma, nossa cooperação com essas regiões deverá crescer e se fortalecer por meio dessa parceria”, comenta Zago.
As pesquisas serão executadas em instituições anfitriãs do Estado de São Paulo e as bolsas terão duração de seis a 24 meses, no caso de pós-doutorado, e de até quatro anos para as de doutorado. Além disso, a FAPESP e a TWAS oferecerão até cinco bolsas por ano a jovens pesquisadores principais desses países para montarem um laboratório científico em uma instituição-sede no Estado de São Paulo e constituírem uma equipe de estudantes pesquisadores para auxiliar no projeto.
“Pesquisas de nível mundial são feitas no Estado de São Paulo e tenho certeza de que os pesquisadores de países menos desenvolvidos que passarem um tempo realizando seu trabalho lá se beneficiarão enormemente de sua comunidade científica ativa e de sua perspectiva interdisciplinar”, disse Romain Murenzi, diretor executivo da TWAS, em nota publicada pela instituição.
Avanço da física na América do Sul
Durante a passagem por Trieste, a delegação brasileira também visitou a sede do Centro Internacional de Física Teórica (ICTP, na sigla em inglês). Na ocasião, representantes da instituição e da Unesp renovaram um acordo para apoiar o instituto parceiro do ICTP no Brasil, o ICTP-South American Institute for Fundamental Research (ICTP-SAIFR).
Criado em 2011 com apoio da FAPESP e sediado no Instituto de Física Teórica da Unesp, campus Barra Funda, o ICTP-SAIFR promove o avanço das ciências básicas nos países sul-americanos. O centro foi o primeiro criado pelo ICTP fora da Itália. Depois dele, foram criados outros na África, América Central e, mais recentemente, na China.
O novo acordo reconhece o sucesso da pesquisa e treinamento em física fundamental do instituto, que ajudou o ICTP-SAIFR a se tornar um centro de excelência na América do Sul.
Com o apoio de agências de financiamento como a FAPESP, a Fundação Simons e o Instituto Serrapilheira, o ICTP-SAIFR organiza anualmente dezenas de escolas e workshops para estudantes de pós-graduação e pesquisadores, bem como atividades de extensão para estudantes e professores do ensino médio e o público em geral.
“A ideia do ICTP-SAIFR é operar como um hub, para que pesquisadores e alunos de pós-graduação do Brasil e de outros países da América do Sul possam visitar e participar dos eventos que promovemos. Aproximadamente 30% dos participantes das escolas, organizadas com financiamento da FAPESP, são provenientes de outros países da América do Sul”, conta à Agência FAPESP Nathan Berkovits, diretor do ICTP-SAIFR.
O conselho de administração da instituição é composto por representantes da Unesp, do ICTP, da FAPESP, do Serrapilheira e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e seu conselho científico é composto por dez físicos renomados.
Graças à contribuição do ICTP-SAIFR para o desenvolvimento da física na América do Sul, a American Physical Society concedeu a Berkovits o prêmio John Wheatley 2021 e o Prêmio de Inovação 2020 a seu programa de formação de professores do ensino médio.
"Essa colaboração bem-sucedida não apenas elevou o nível da pesquisa em física na América do Sul, mas também ajudou o IFT-Unesp a ser o melhor departamento de física teórica do Brasil, atraindo os melhores alunos de pós-graduação para seus programas de mestrado e doutorado e atraindo os melhores pesquisadores ao seu corpo docente", sublinha Berkovits.
Os membros do corpo docente do ICTP-SAIFR incluem Pedro Vieira, professor do Perimeter Institute e vencedor do prêmio Sackler de Física 2018 e do prêmio Novos Horizontes em Física 2020 por sua investigação em teoria quântica de campos; e Riccardo Sturani, membro da colaboração LIGO-Virgo que recebeu o prêmio Nobel de Física de 2017 pela detecção de ondas gravitacionais.
Além de pesquisas sobre física fundamental, os pesquisadores vinculados ao ICTP-SAIFR têm se dedicado a aplicações desse campo do conhecimento em outras áreas, como biologia quantitativa, ecologia e computação.
"O ICTP-SAIFR recriou com sucesso o modelo ICTP de ciência e excelência em treinamento, ajudando a construir uma forte comunidade científica na América do Sul", afirmou Atish Dabholkar, diretor do ICTP, em nota publicada pela instituição.
Renovação de acordo
A delegação brasileira também visitou instituições ligadas à ciência, tecnologia e inovação em Roma, Bolonha e Milão. Na capital italiana, representantes da FAPESP e do Conselho Nacional de Pesquisa (CNR, na sigla em italiano) assinaram a renovação de um acordo de cooperação científica e tecnológica.
Visita à Universidade de Bolonha (foto: divulgação)
Firmado em julho de 2014, o objetivo do convênio é fortalecer a cooperação em áreas de interesse para ambos os países e alcançar resultados científicos e tecnológicos de importância internacional que promovam a inovação tecnológica e o desenvolvimento socioeconômico.
Já foram lançadas no âmbito do acordo duas chamadas de propostas de projetos de pesquisa colaborativos entre cientistas vinculados a instituições do Estado de São Paulo e da Itália nas áreas de agricultura, biodiversidade, engenharia, física e medicina genética.
A delegação da FAPESP também teve encontros com representantes das três principais universidades da Itália, cujos enfoques são complementares e compreendem as diversas áreas do conhecimento. São elas as universidades de Bolonha – a mais antiga da Itália –, de Roma La Sapienza – uma das maiores universidades do mundo em número de estudantes – e Politécnico de Milão.
Delegação brasileira em visita à Universidade de Roma La Sapienza (foto: divulgação)
Outra instituição visitada pela delegação brasileira foi o Human Technopole – um novo instituto de pesquisa internacional com foco em ciências da vida localizado no distrito de inovação de Milão, o MIND.
Um dos objetivos do instituto é aumentar os investimentos públicos e privados em pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área.
150 anos de imigração italiana no Brasil
A embaixada do Brasil na Itália acompanhou e deu total apoio à missão da FAPESP no país.
“Com grande satisfação recebi na embaixada do Brasil a delegação da FAPESP, USP, Unesp e Unicamp, que veio a Roma no contexto de missão para estreitar laços acadêmicos e de pesquisa com instituições italianas”, disse em nota à Agência FAPESP o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca.
“A cooperação entre Brasil e Itália na área científico-tecnológica tem demonstrado crescente vitalidade. O Estado de São Paulo conta com universidades e centros de pesquisa de ponta, além de um setor privado dinâmico, que contribuem fortemente para as relações com a Itália no campo da ciência e da inovação”, avaliou.
Também acompanhou a delegação brasileira nas visitas iniciais, em Roma, o deputado italiano pelo Partido Democrático Fábio Porta.
“A visita à Itália dos dirigentes da FAPESP e dos representantes de algumas das principais universidades do Estado de São Paulo teve um sucesso extraordinário do ponto de vista institucional e científico e aconteceu em um momento particularmente propício para as relações ítalo-brasileiras, uma vez que estamos às vésperas das comemorações oficiais dos 150 anos de imigração italiana no Brasil.”
“Desse ponto de vista, a missão também foi útil e oportuna para planejar algumas iniciativas concretas a serem organizadas no próximo ano para dar a justa visibilidade e divulgação ao que foi feito nesse século e meio de presença italiana no Brasil, em cooperação com as autoridades locais no campo científico e institucional”, avaliou.
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